Será que o funk está voltando de vez?

O funk embalou a noite de muitos jovens nos anos 70, um bocadinho da década seguinte e mantém fôlego até nesta temporada. Roupas e cabelos impecáveis, coreografias milimetricamente sincronizadas, festas de garbo e elegância foram ingredientes fundamentais para a ascensão (e declínio) do estilo. Neste mês tivemos três grandes lançamentos de ordem mundial que flertam de alguma maneira com o ritmo que fez os seus pais ou avós dançarem na pista de dança. Será que o funk está voltando de vez?



O estilo não tem mesma força dos tempos áureos de James Brown, mas, em ciclos, o estilo tem alguns relampejos no mainstream. Justin Timberlake, Beyoncé, Snoop Dogg, Daft Punk soltaram algumas cantigas com uma roupagem nostálgica dos anos 70 em trabalhos recentes e reascenderam esta maré funkeada.

Por exemplo, a virada de chave para Bruno Mars foi a participação no último disco de Mark Ronson, Uptown Funk, lançado em 2014. Nele, o produtor inglês moldou a sua banda dos sonhos e conseguiu concretizar um disco de funk moderno. A dupla já tinha trabalhado junto em alguns hits como “Locked Out of Heaven”, “Moonshine” e “Gorilla”. Ok, o Bruno Mars já tinha demonstrado um pezinho no funk no single “Treasure”, mas “24k” é um disco de funk por inteiro. A potência vocal do cantor havaiano caiu como uma luva com grooves de baixo e uma guitarra suingada. “24k Magic” é um disco dançante, costurado com baladas grudentas que fariam bonito em rádios românticas na frequência FM.

A disco music tem ‘culpa’ na música eletrônica que conhecemos hoje dos grandes festivais, dos super DJ’s e de remixes que estão sempre presente em playlists. A house music, por exemplo, nasceu em inferninhos em Chicago por uma sequência de músicas que os DJ faziam na pista de dança e tem uma conexão explícita com a disco.


Hoje, grupos como o Justice trazem em sua bagagem este tipo de som. O novo disco deles, ‘Woman’, é uma prova disso. O álbum é dominado pelo uso de sintetizadores, vozes angelicais, fortes slaps (técnica usada no baixo) e melodias que lembram o primeiro álbum da dupla, o incrível † – que completa dez anos no ano que vem. Lembra de D.A.N.C.E? Sim, estamos ficando velhos. Woman demonstra arranjos potentes, conversa com o rock progressivo dos anos 70 e constrói ambientes sombrios como Michael Jackson fez em Thriller.


Completando a tríade de lançamentos inspirados no funk que chegaram nas últimas semanas, podemos citar o DNCE, projeto do Joe, conhecido por ser um dos Jonas Brothers. Após o término ou hiato sem previsão de volta do Jonas Brothers, este é o projeto mais interessante e desafiador que os irmãos fizeram em vida. O cartão de visitas do grupo foi o single “Cake by the Ocean”, lançado no ano passado. Um funk pop com refrão chicletoso, riffs de guitarras penetrantes e inspiradas em Nile Rodgers, integrante do Chic – um dos nomes mais poderosos da disco music – e palmas para ditar o compasso do grupo. As músicas tem letras irreverentes e o maior compromisso do quarteto é fazer um som para animar a pista. Justo.


 

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